Renda: Como está a sua?
Renda alta, renda baixa, ou renda média? Como avaliar o posicionamento da sua? A resposta para isso é, através de comparações. Dessa forma, precisamos de parâmetros para comparação, então vamos entender um pouco melhor isso.
Comparando a renda com a de pessoas similares
Até aqui já estabelecemos que para entender como anda o desempenho da nossa renda, precisamos fazer comparações. Comparar a nossa renda com a de outras pessoas. Certo, mas quais outras pessoas?
Aí é que começa a dificuldade, pois só faz sentido, nos compararmos com pessoas similares a nós. Então nos vemos em outra encruzilhada: o que podemos considerar pessoas similares? Similares em relação a o que?
Estamos analisando renda, então precisamos entender primeiro, como uma renda (ou remuneração) é definida e aí existem inúmeros critérios novamente. Para as funções mais básicas (que não requerem muito esforço intelectual, nem estudo), as pessoas são contratadas pelo tempo que as executarão. É como se essas pessoas estivessem “vendendo” o seu tempo. São funções com remunerações menores, uma vez que, podem ser desempenhadas, praticamente, por qualquer um. Essas pessoas tem a sua renda definida pelo tempo em que ficam disponíveis e pelo escassez de pessoas como elas, disponíveis na região.
Então, temos as funções que requerem conhecimentos específicos, que portanto, já não podem mais ser executadas por qualquer um. Essas funções oferecem rendas melhores, justamente em função da escassez de pessoas com esse nível de conhecimento.
Tendo isso em mente, podemos procurar pelos salários de pessoas que executem funções similares às nossas e então comparar o que elas obtém de renda, com o que nós obtemos.
Para algumas funções esse processo é rápido e fácil, bastando simplesmente comparar a sua renda, com as ofertas de emprego dos jornais.
Porém para outras pessoas ele se torna extremamente complexo. Pessoas em funções inovadoras enfrentam muitas dificuldades para encontrar com quem se comparar e ficam um pouco perdidas nisso. o que fazer nesses casos?
Comparando a renda com a da população
Quando não conseguimos uma comparação simples, precisamos partir para uma abordagem mais complexa, onde precisaremos estabelecer uma meta e comparar os nossos resultados em relação a ela, ao longo do tempo. Esse modelo pode ser utilizado, inclusive, para definir se está na hora de abandonarmos uma determinada atividade e buscarmos outra.
Ele funciona através da definição de um percentual como meta. Um exemplo disso seria dizer que pretendo ter uma renda equivalente à recebida por 1% da população. O que popularmente é chamado de fazer parte do clube dos 1%.
Dessa forma, ao longo da vida, a pessoa vai comparando a sua renda atual com os quartis da população (ah sim, esse método envolve estatística e dados da população). A notícia boa é que esses dados são públicos, coletados pelo IBGE e nós podemos analisar eles periodicamente.
Quando constatamos, que ao longo do tempo, estamos ficando cada vez mais distantes do percentual que desejamos, isso significa que a nossa fonte de renda não é adequada para ele. Então é hora de refletir se há como ampliar a nossa renda nessa atividade, ou se, para atingir nosso objetivo, teremos que mudar de atividade.
Muitos podem achar esse método mais vago do que o anterior, mas é o único que nos indica se estamos num setor em decadência ou não. Pois se a evolução da nossa renda não acompanha a do restante da população, há algo errado com ela. Podemos ser nós a estar estagnados, ou o próprio setor onde atuamos.
Naturalmente, não há uma fórmula padrão para definir o percentual da sua meta, até mesmo, porque ele é individual. Adicionalmente, ela pode ser alterada periodicamente, a fim de melhor atender aos seus desejos. Apenas defina um percentual e mantenha-se fiel a ele, enquanto lhe for conveniente.
Se o seu interesse era apenas entender a lógica da comparação, terminamos por aqui. O restante do artigo irá demonstrar como obter os dados e realizar os cálculos.
Como obter os dados da renda para comparação?
Sem dúvida, existem vários métodos, mas aqui vou apresentar a utilização de um software estatístico chamado R. Abaixo, vou demonstrar passo-a-passo, como obter os percentuais para comparação, que aparecem na imagem a seguir.
Vamos assumir que você já tenha o R instalado no seu computador, então passarei direto aos comandos que devem ser executados nele.
Começamos instalando o pacote que nos dará acesso aos dados, criado pelo Douglas Braga, com o seguinte comando:
install.packages("PNADcIBGE")
Então, vamos carregar o pacote no R, usando o seguinte comando:
library(PNADcIBGE)
Agora utilizaremos o pacote survey criado por Thomas Lumley da faculdade de Washington, para analisar os dados, de uma forma muito direta e simples. Basta carregar a biblioteca, com o comando:
library(survey)
Depois solicitar os dados que desejamos através do comando:
quantisrenda <- svyquantile(~VD4020, dadosPNADc, quantiles = c(.1,.25,.5,.75,.875,.95,.99,.995,.9999), na.rm = T)
quantisrenda
O retorno obtido será esse abaixo:
0.1 0.25 0.5 0.75 0.88 0.95 0.99 1 1
VD4020 400 1045 1500 2500 4000 8000 20000 25000 102504.2
Atente que VD4020 é o nome da variável que possui a renda e que .1 representa 90%, .25 representa 75% e assim sucessivamente. O percentual sempre é obtido por retirar o número informado, de um.
Boas comparações!